20 agosto 2017

Paz e Segurança: um Direito de Israel




Paz e Segurança: um Direito de Israel

Elwood McQuaid
Fica cada vez mais claro que a maior barreira a impedir a paz entre Israel e os palestinos não é a alegada recusa de Israel em fazer concessões e atender às exigências árabes. Na realidade, quanto mais Israel oferecia (sob o governo de Barak), mais os palestinos exigiam.
Em Hebrom – uma localidade em que 450 judeus vivem em meio a 130.000 palestinos – os residentes judeus permaneceram em um virtual estado de sítio depois que as tropas israelenses foram retiradas da Cisjordânia. Os vizinhos árabes não interpretaram a "paz" como sendo uma razão para conceder aos judeus o direito básico a algum grau de tranqüilidade para eles e suas famílias. A pressão para que todos os judeus fossem expulsos foi constante.
Os habitantes de Belém também têm tido sua parcela de problemas desde que a cidade do nascimento de Jesus foi passada às mãos de Yasser Arafat e dos palestinos. Muitos cristãos árabes se sentiram constrangidos a fugir ou enfrentaram a ira de elementos islâmicos radicais. As alterações na população de Belém foram dramáticas. A proporção, que era de 80% de cristãos e 20% de muçulmanos, simplesmente se inverteu: hoje são 20% de cristãos e 80% de muçulmanos.
O fato de Arafat não ter negociado de boa fé é agora uma realidade concretamente visível, que não pode mais ser minimizada pelos seus defensores como sendo apenas uma exibição de rancor árabe [por supostas injustiças sofridas].
No final das contas, chegamos a uma conclusão inescapável: a atual liderança da Autoridade Palestina (AP) e a vasta maioria dos líderes islâmicos querem Israel fora da terra que eles reivindicam como propriedade exclusiva dos seguidores de Alá. Essa motivação, que é pouquíssimo entendida no mundo ocidental, constitui um elemento fundamental na atual reivindicação de Arafat e de líderes muçulmanos radicais: que o objetivo final tem de ser o de ganhar toda a Palestina para o islã. Para eles, isso é uma cruzada – uma firme determinação de verem, como já indicam seus mapas, uma Palestina sem Israel e sem judeus. Não nos enganemos! Para os radicais islâmicos, esta é uma guerra religiosa, em que o islã luta contra os infiéis em Israel, nos Estados Unidos e nas nações ocidentais.
Se a religião constitui um fator com algum grau de relevância nas atuais controvérsias que afligem o processo de paz, então é importante entender o que a Bíblia diz sobre o assunto. Esta não é uma questão irrelevante, que devêssemos deixar nas mãos de teóricos e filósofos da religião. Trata-se de um aspecto fundamental, que deve ser trazido para a discussão sobre os direitos dos judeus à terra no Oriente Médio. Sem dúvida, ele tem profundo significado no que se refere às reivindicações islâmicas sobre a região. De fato, a justificativa para a formação de regimes islâmicos tirânicos – tais como no Irã e no Sudão – baseiam-se numa interpretação do Corão que aprova a jihad (guerra santa) como instrumento de criação de um mundo islâmico.
Na atualidade, Arafat e outros líderes islâmicos afirmam que são ilegítimas as reivindicações de Israel baseadas em seus vínculos com a região em tempos remotos. Eles chegaram até mesmo ao ponto de procurar dar credibilidade à ridícula idéia de que os antigos judeus não tiveram presença no Monte do Templo em Jerusalém. Mas, apesar de tais exercícios para incitar pessoas historicamente mal-informadas, a arqueologia e uma abundante quantidade de documentos confirmam os direitos históricos, morais e legais dos judeus à terra de Israel. A principal fonte que autentica as relações e os direitos dos judeus no Oriente Médio está nas páginas da Bíblia, onde são relatadas alianças, doações e promessas para o futuro, que devem ser consideradas como irrevogáveis. Diversos fatores são fundamentais para compreender a relação de Deus com o povo judeu e sua associação com a terra de Israel.

Identificando Israel

Muitas vezes surgem conflitos entre muçulmanos e judeus no que se refere a quem seria o povo escolhido, o legítimo herdeiro das promessas da aliança delineadas nas Escrituras: "Deus lhe respondeu: De fato, Sara, tua mulher, te dará um filho, e lhe chamarás Isaque; estabelecerei com ele a minha aliança, aliança perpétua para a sua descendência. Quanto a Ismael, eu te ouvi: abençoá-lo-ei, fá-lo-ei fecundo e o multiplicarei extraordinariamente; gerará doze príncipes, e dele farei uma grande nação. A minha aliança, porém, estabelecê-la-ei com Isaque, o qual Sara te dará à luz, neste mesmo tempo, daqui a um ano" (Gn 17.19-21).
Nesse trecho, Deus fala a Abraão sobre o futuro de seus filhos, Isaque e Ismael. Os árabes traçam a sua origem a partir de Ismael; o povo judeu o faz a partir de Isaque. Reparemos que a promessa da aliança foi concedida a Isaque e seus herdeiros, e não a Ismael. Isso é importante, mas não é um ato de discriminação – como muitas vezes se afirma. A Ismael foram feitas promessas de enorme alcance; ele recebeu grandes porções de terra e a garantia de reinados. Um exame superficial de um mapa atual do Oriente Médio evidencia que a extensão dos territórios controlados pelas nações árabes e muçulmanas excede em muito a de Israel.

A Terra Prometida

Quando Deus prometeu uma terra a Abraão, Isaque, Jacó e sua posteridade, a garantia foi feita incondicionalmente. Quer o povo judeu estivesse habitando nela, ou sofrendo as muitas expulsões que teve de suportar, a região hoje comumente chamada de Palestina foi e é a terra dos judeus:"Naquele mesmo dia, fez o SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates" (Gn 15.18).

Um elemento importante para estabelecer a posse da terra por parte do Israel antigo é a cidade de Jerusalém.
Um elemento importante para estabelecer a posse da terra por parte do Israel antigo é a cidade de Jerusalém. Depois de haver reinado em Hebrom durante sete anos e meio, Davi transferiu a capital do Estado judeu para Jerusalém. Um fator decisivo para a mudança foi a aquisição do Monte do Templo de um certo jebuseu chamado Araúna (veja 2 Sm 24.24). É importante frisar que Israel e o povo judeu nunca colocaram aquele local sagrado à venda. Embora hoje ele seja reivindicado pelos muçulmanos, trata-se de uma área que ainda deve ser considerada como propriedade de Israel desde uma época muito anterior ao surgimento do próprio islã.

A preservação da nação judaica

Uma coisa é reivindicar uma terra em nome de uma nação antiga. Outra coisa, totalmente diferente, é o fato dessa nação fazer-se presente milhares de anos depois, para efetivar a transação. No caso dos judeus, essa é uma das mais enigmáticas ocorrências históricas. Como poderia um povo, com um número reduzido de descendentes, sobreviver após ter sido sujeitado a uma seqüência quase ininterrupta de tentativas de varrê-lo da face da terra? Expulsões, pogroms, inquisições e o infame Holocausto sufocaram o povo judeu em seu próprio sangue repetidas vezes. Adolf Hitler não estava sozinho ao anunciar "uma solução final para o problema judeu". Apesar de tudo isso, Israel sobreviveu. Espalhados entre as nações como o foram, o fato dos judeus não terem sido varridos para fora do cenário mundial ou assimilados – como aconteceu com a maioria de seus contemporâneos antigos – é, em si mesmo, um mistério singular da história. Como isso pode ter acontecido? Embora as questões envolvendo a sobrevivência dos judeus sejam complexas, a fonte de sua preservação pode ser explicada de forma simples.
Antecipando tudo o que iria atingir o povo judeu ao longo dos milênios, a Bíblia faz uma predição que apenas o próprio Deus estaria qualificado a articular: "Assim diz o SENHOR, que dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; SENHOR dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre. Assim diz o SENHOR: Se puderem ser medidos os céus lá em cima e sondados os fundamentos da terra cá embaixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o SENHOR" (Jr 31.35-37).
Faríamos bem em lembrar que essas palavras são uma declaração contrária a qualquer possibilidade. Apenas Deus poderia ser competente para fazer com que ela se cumprisse.

O retorno a Eretz Israel

Durante dois milênios, junto a qualquer mesa pascal ao redor do mundo, os judeus pronunciaram as solenes palavras: "No próximo ano em Jerusalém". Poucos realmente acreditavam que isso poderia se realizar – mas foi o que ocorreu. E eu suponho, de um modo muito intenso, que nós, que vivemos para testemunhar esse acontecimento, podemos realmente dizer: "Vimos um milagre". Biblicamente, nunca houve dúvidas a respeito: "então, o Senhor, teu Deus, mudará a tua sorte, e se compadecerá de ti, e te ajuntará, de novo, de todos os povos entre os quais te havia espalhado... O Senhor, teu Deus, te introduzirá na terra que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará bem e te multiplicará mais do que a teus pais" (Dt 30.3,5).
O fato inegável com o qual convivemos todo dia é que Israel, depois de todos esses séculos, está de volta ao seu lar – exatamente como a Bíblia disse que aconteceria.

O futuro dia da restauração

Existe um fato final que não pode ser desconsiderado. Com a mesma ênfase com que a Bíblia descreveu o passado remoto de Israel e sua situação presente, ela também delineou o futuro. Tudo o que acontece ao redor de nós move-se para uma consumação. Há esperança no horizonte para todos que se debatem diariamente com questões como, por exemplo, a forma de lidar com o Irã, com Saddam Hussein e seus assemelhados. A mesma Bíblia em que Deus pronunciou e então realizou atos muito acima de nossa capacidade de imaginar ou realizar, também contém outra declaração. Mais uma vez, Israel é a chave: "Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos. ...Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma" (Jr 32.38-39, 41).
Essa é a fase à qual o Novo Testamento se refere com a expressão "todo o Israel será salvo" (Rm 11.26). Sim, para Israel existe a profecia de um dia nacional de reconciliação, mas essa também será uma era em que "o Senhor será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o Senhor, e um só será o seu nome" (Zc 14.9).
Em tudo isso há duas coisas que deveríamos manter em mente:
Primeiro, as passagens da Escritura citadas acima representam apenas uma parte mínima dos textos a esse respeito. A Bíblia está carregada de afirmações referentes ao futuro de Israel e do povo judeu.
Segundo, não devemos negligenciar – pois seria para dano nosso – estas palavras das Escrituras que têm sido experimentadas pelas nações: "De ti (Abraão) farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gn 12.2-3). (Elwood McQuaid - Israel My Glory - http://www.beth-shalom.com.br)
As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores.

Ainda há Lugar para o Terceiro Templo




Ainda há Lugar para o Terceiro Templo

Zwi Lidar
O Rabino Lau é de opinião que se poderia construir um Terceiro Templo sem para isso precisar remover os edifícios islâmicos no Monte do Templo.
A declaração do Rabino Superior asquenazita do Estado de Israel em exercício refere-se a um tema que instiga as emoções em geral. Por isso, a posição do Rabino David Lau, de que ele desejaria ver um Terceiro Templo do povo judeu sobre o Monte do Templo, não só rendeu manchetes, como também desencadeou um debate cheio de controvérsias. A questão do Monte do Templo é extremamente atual e repetidamente tem causado turbilhões no Oriente Médio e em todo o mundo muçulmano. Como a declaração do Rabino Lau oferece respaldo a uma minoria pequena, porém militante, que não só quer construir o Templo, mas também já se preparou minuciosamente para isso, o rebuliço por causa dela foi ainda maior.
O Rabino Lau comentou esse tema por ocasião de uma entrevista ao canal de TV do parlamento israelense. Pelo canal de TV do Knesset não se ouviu apenas que ele gostaria bastante de ver a construção de um templo judeu no Monte do Templo, mas que também defende a opinião de que para isso não seria necessário remover os edifícios muçulmanos existentes ali. Ele acha que existe “espaço suficiente para judeus, cristãos e muçulmanos – para todos”. A área do Monte do Templo abriga várias edificações muçulmanas, entre as quais a Mesquita Al-Aqsa, considerada pelos muçulmanos o seu terceiro lugar sagrado mais importante, bem como o Domo da Rocha. Os arqueólogos e os especialistas em judaísmo defendem diferentes teses a respeito da localização exata do templo judeu sobre o Monte do Templo. Alguns creem que o local do antigo templo judeu, destruído no ano de 70 d.C., é aquele hoje ocupado pela Mesquita Al-Aqsa. Outros apontam como local o Domo da Rocha, popularmente chamado erroneamente de Mesquita de Omar, erigido sobre um rochedo conhecido como Pedra da Fundação (hebraico: Even haShetiyya) e que para o judaísmo constitui o umbigo do mundo. A tradição judaica afirma que este seria o local da provação de Abraão e que ali foi construído o chamado Santo dos Santos do Templo. A esse mais sagrado recinto do Templo somente o sumo sacerdote tinha acesso uma vez por ano, por ocasião do Yom Kippur. Assim, um templo judeu teria de ser erigido exatamente no local em que o Templo se localizava antigamente. De qualquer modo, porém, seja qual for a tese predominante para o local, um Terceiro Templo teria necessariamente de ser erigido sobre as ruínas ou da Mesquita Al-Aqsa ou do Domo da Rocha. Considerando isso, a posição defendida pelo Rabino Lau, de que o Monte do Templo teria espaço suficiente para todos, tanto para um templo judeu como também para edificações muçulmanas, é, do ponto de vista judeu, totalmente revolucionária.
Na entrevista, o Rabino Lau não abordou este aspecto, mas ilustrou enfaticamente a razão por que ele gostaria de ver naquele local novamente um templo judeu brilhando em toda a sua glória. “Não tenho como dizer com precisão o que havia no Templo, mas a verdade é que, quando lemos os escritos dos profetas e dos sábios de Israel, começamos a entender por que todos os que se dirigiam àquele lugar ficavam cheios de inspiração, emoção, alegria e contentamento, e é por isso que anseio por tais dias.”
O receio dos palestinos de que Israel alimentaria aspirações sobre o Monte do Templo desencadeou em 2015 uma onda terrorista perceptível ainda hoje em Israel. O Monte é até hoje o coração do conflito israelense-palestino e também do conflito judeu-muçulmano. Trata-se de um conflito religioso que ao mesmo tempo implica questões de soberania e reivindicações territoriais e históricas, e em cujo contexto muitos representantes do mundo muçulmano e palestino negam qualquer vínculo judeu com o Monte do Templo, afirmando que o templo judeu se localizava em algum lugar totalmente diferente. Para arrefecer os ânimos, o governo israelense decidiu não permitir aos judeus que orassem sobre o Monte do Templo, e também de proibir a todos os deputados do Knesset o ingresso à área. Com a questão vista desta maneira – e apesar da abordagem inovadora do Rabino Lau, que provavelmente se reporta em alguma interessante sentença baseada na Halaca – não é de se esperar que suas declarações modificarão o status quo reinante no Monte do Templo. — Zwi Lidar