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23 fevereiro 2024

O Que Devemos Pensar Sobre o Holocausto?

 



O Que Devemos Pensar Sobre o Holocausto?

Michael L. Brown

Hoje em dia é normal escutar as pessoas disparando casualmente a palavra nazista, usando-a como uma crítica ou insulto comuns. Se alguém não gosta de sua opinião, você é chamado de nazista. Se sua opinião é muito conservadora, você é nazista. Se você é considerado fanático, é nazista. Mas usar a palavra de forma tão indiscriminada significa barateá-la, pois os nazistas foram culpados de um mal indizível. Eles cometeram crimes indescritíveis, alguns inigualáveis na história da humanidade. Durante seu reinado de terror, nada exibia a profundidade do mal em seus corações mais do que o Holocausto, um evento que realmente desencoraja descrições.

Considere que os nazistas massacraram dois terços dos judeus europeus – e digo massacrados com requintes de crueldade. Estamos falando de bebês e crianças, de fracos e idosos. Judeus após judeus morreram de fome, torturados até a morte, trabalharam até a morte, foram lançados em câmaras de gás ou mortos por fuzilamento. Esse foi o destino de seis milhões de judeus na Europa.

Antes do Holocausto, havia nove milhões de judeus europeus. Depois, o número era de três milhões. Somente a população judia da Polônia era de 3,3 milhões antes do Holocausto. Depois, restaram apenas 300 mil. Nove em cada dez judeus poloneses foram massacrados. Quem pode imaginar um massacre nessa escala?1

Não é como se eles tivessem morrido em batalha, rebelando-se contra seus governantes e lutando por sua liberdade. Esse foi o destino de poucos. Em vez disso, os judeus foram reunidos em guetos e de lá foram enviados em vagões de gado para campos de concentração. Quem podia trabalhar conseguiu sobreviver alguns meses ou mais. Aqueles que eram muito fracos foram assassinados na chegada.

Incontáveis centenas de milhares foram forçados a se despir para tomar banho. Mas, em vez de ficar encharcado de água, o ar estava cheio de gás venenoso. Ninguém saiu vivo daqueles chuveiros.

Fora dos campos de concentração, os judeus eram forçados a cavar longos poços, depois dos quais eram alinhados e mortos a tiros, transformando os poços em sepulturas cavernosas. Seus corpos foram então incendiados em piras gigantes, o que levou a um novo tipo de loucura: bebês foram jogados vivos no fogo, evitando que os nazistas usassem suas balas. Quem pode conceber um mal tão monstruoso? Em 19 de setembro de 1941,

os exércitos alemães tomaram Kiev, na Ucrânia, e esquadrões especiais da SS se prepararam para executar as ordens do líder nazista Adolf Hitler de exterminar todos os oficiais judeus e soviéticos encontrados lá. A partir de 29 de setembro, mais de 30 mil judeus foram levados em pequenos grupos para o desfiladeiro Babi Yar, no norte da cidade, ordenados a se despir e depois metralhados no desfiladeiro. O massacre terminou em 30 de setembro, e os mortos e feridos foram cobertos com terra e pedras.2

Você pode pensar em números como esses? Trinta mil judeus marcharam até a morte em um período de menos de duas semanas.

Repetindo: o número inclui crianças e bebês que ainda estavam nos braços de suas mães. Estamos falando de adolescentes, noivos e estudantes universitários. Pais, avós e bisavós. Rabinos dedicados e líderes comunitários respeitados. Famílias e indivíduos. Todos foram abatidos a sangue frio por uma única razão: eram judeus.

E como era a vida para aqueles que escaparam temporariamente da morte e foram enviados para um campo de concentração? Que tipo de inferno os nazistas criaram para eles? Aqueles que foram presos durante o inverno poderiam esperar o seguinte, de acordo com um sobrevivente do Holocausto:

Isso significa que, durante esses meses, de outubro a abril, sete em cada dez de nós morrerão. Quem não morre, sofre minuto a minuto, o dia todo, todos os dias: da manhã antes do amanhecer até a distribuição da sopa da noite, teremos que manter nossos músculos tensos continuamente, dançar de pé em pé, bater com os braços sob os ombros contra o frio. Teremos que trocar pão para adquirir luvas e perder horas de sono para repará-las quando ficarem rasgadas. Como não será mais possível comer ao ar livre, teremos que comer nossas refeições na cabana, de pé; a todos será designada uma área no chão do tamanho de uma mão, pois é proibido descansar contra os beliches. Ferimentos se abrirão nas mãos de todos, e receber um curativo significará esperar todas as noites por horas com um dos pés [de sapatos que sempre causam dor] na neve e no vento.3

Esse era o horror diário daqueles nos campos de concentração.

E qual foi a experiência dos que sobreviveram? Daqueles saudáveis o suficiente para escapar dos “chuveiros” para onde os membros mais fracos da família foram enviados? Um homem que perdeu sua família inteira para os nazistas sanguinários contou seus últimos segundos juntos: “É impossível descrever a agonia daqueles poucos momentos antes de nos separarmos. Jamais esquecerei os olhos sábios de meu pai e as lágrimas de minha mãe quando nos abraçamos pela última vez. Mesmo nos meus sonhos mais loucos, eu nunca imaginaria que iria me separar de toda a minha família para sempre, para nunca mais vê-los”.4 No entanto, essa era a dura realidade não apenas para ele, mas para milhões de outras pessoas.

Judeus eram parasitas; eles eram vermes a serem exterminados. Antes do Holocausto, esses mesmos judeus eram seus vizinhos, amigos e colegas de trabalho.

Não era incomum alguém perder seu cônjuge, filhos, pais, avós e irmãos – cada um deles – para o terror sistemático dos nazistas. Judeus eram parasitas; eles eram vermes a serem exterminados.

Antes do Holocausto, esses mesmos judeus eram seus vizinhos, amigos e colegas de trabalho. Agora eles eram o inimigo, e era seu trabalho entregá-los. Nenhum deles deveria escapar! Os nazistas chegaram ao ponto de arquivar livros judaicos, itens religiosos e outros aspectos tangíveis da vida judaica. Uma vez que essa raça desprezada fosse exterminada, apenas esses artefatos permaneceriam.

Era um mal sistêmico. Era maldade corporativa – e tudo foi realizado com metodologia precisa e atenção aos detalhes. Os nazistas transformaram assassinato em ciência.5

Falando em ciência, eles também a tinham. As experiências mais cruéis e inimagináveis foram realizadas, com seus resultados cuidadosamente documentados. Eles executaram cirurgias em suas vítimas judias sem anestesia, testando os limites da dor humana. Eles infectaram os judeus com tifo e outras doenças terríveis até que secassem e morressem. E fizeram coisas horríveis com gêmeos – coisas que literalmente não podem ser mencionadas – porque os gêmeos eram vistos como capazes de fornecer dados médicos exclusivos.

Novamente, a magnitude desse sofrimento é quase incompreensível. Isso fica claro quando comparamos o Holocausto a outras tragédias terríveis, como os ataques terroristas de 11 de setembro, que mataram 2 977 vítimas inocentes, incluindo o irmão da minha esposa. Quase três mil vidas foram dizimadas em um único dia, e inúmeras dezenas de milhares foram diretamente afetadas pela perda.

Agora, repita o mesmo massacre em 12 de setembro de 2001, depois novamente no dia seguinte e depois no próximo. Outras três mil mortes e mais três mil mortes. Repita isso diariamente pelos próximos 2 016 dias – sim, um ataque terrorista de 11 de setembro todos os dias por mais de cinco anos e meio. É o que é preciso para chegar a seis milhões de mortes.

Mesmo assim, isso não mostra uma imagem exata, porque o Holocausto foi perpetuado contra um grupo específico de pessoas, destruindo grandes pedaços da população em poucos anos, e apenas uma minoria permaneceu. Essa é uma das razões pelas quais esse nível de maldade é incomparável na história da humanidade.

Três razões para pensarmos no Holocausto

A pergunta para nós, hoje, é a seguinte: por que devemos pensar no Holocausto atualmente? Por que isso ainda importa para os judeus do mundo? Não é hora de seguir em frente?

Por um lado, o mundo judaico avançou, a ponto de Israel e Alemanha trabalharem juntos há anos, até mesmo compartilhando tecnologia militar e de segurança. E viver no passado é tornar-se amargo, cativo e estagnado. A vida judaica no mundo inteiro, assim como em Israel, é tudo, menos atrasada e estagnada.

No entanto, é essencial que lembremos do Holocausto por pelo menos três razões principais. Primeira, o antissemitismo está firme e forte, o que significa que as forças demoníacas que alimentaram os incêndios do Holocausto ainda estão trabalhando em nosso meio. De fato, há vários anos, muitos especialistas acreditam que o nível de antissemitismo atualmente expresso na Europa é paralelo ao nível de antissemitismo presente imediatamente antes do Holocausto.6 E onde há ódio aos judeus, há atos violentos contra judeus. Como não podemos lembrar do Holocausto em um clima como esse?

Muitos especialistas acreditam que o nível de antissemitismo atualmente expresso na Europa é paralelo ao nível de antissemitismo presente imediatamente antes do Holocausto

Segunda, a nação de Israel continua enfrentando ameaças existenciais, pois está cercada por inimigos mortais que juraram sua destruição. De fato, os inimigos de Israel gostam bastante do Holocausto – a ponto de exibir orgulhosamente suásticas.7 Como é concebível, então, que o povo judeu esqueça o Holocausto? Não apenas milhares de sobreviventes do Holocausto ainda estão vivos, pessoas que não podem esquecer o que experimentaram, mas inimigos ferrenhos de Israel, como o Irã, ameaçam regularmente o Estado judeu com outro Holocausto.

No início de 2018, o Hezbollah, um grupo terrorista apoiado pelo Irã com sede na Síria e no Líbano (ambos na fronteira com o norte de Israel), alegou que havia 500 mil mísseis apontados para Israel.8 Israel vive com essa realidade 24 horas por dia. Na cidade de Sderot, no sul, que faz fronteira com Gaza ao leste, quase metade das crianças que vivem lá “sofre de sintomas de ansiedade, medo e TEPT”.9 Isso se deve ao frequente (e às vezes incessante) bombardeio de foguetes de terroristas do Hamas baseados em Gaza.

Quanto aos objetivos do Hamas, um de seus líderes proclamou, durante os protestos da primavera de 2018: “Vamos derrubar a fronteira de Israel e arrancar o coração de Israel de seus corpos”.10 Não há razão para duvidar de sua intenção.

Obviamente, a narrativa que prevalece em grande parte da mídia e em muitos campi universitários mostra um quadro muito diferente. Israel é o monstro; é o malvado Golias. Os palestinos são vítimas infelizes e as nações muçulmanas vizinhas não são páreo para o poderoso Israel.

A realidade é que a principal razão para o sofrimento palestino é que eles são vítimas das más decisões tomadas por seus líderes, que se recusaram a reconhecer o direito judaico a uma pátria nos últimos 80 anos.11 E a razão pela qual os militares de Israel são tão fortes é porque não têm escolha. Se a nação baixasse a guarda por um momento, o sangue fluiria nas ruas.

Terceira, o Holocausto ocorreu na Europa civilizada, culta e “cristã” – não em um continente de selvagens. O povo da Europa havia sido educado. Eles apreciavam as melhores coisas da vida. Eles tinham grandes universidades, centros culturais e centros religiosos. Eles tinham uma tradição cristã que remonta aos dias dos apóstolos.

O Holocausto não aconteceu em um continente de selvagens, mas na Europa civilizada, culta e “cristã”.

Era na Itália que o Vaticano estava (e está) baseado, tornando Roma a capital espiritual de centenas de milhões de católicos. Foi na Alemanha que nasceu a Reforma Protestante, da qual se espalhou pela Europa e pelo mundo. Além disso, a Europa era o lar de uma longa fila de grandes compositores, artistas, poetas e intelectuais. Certamente o evento mais bárbaro da história do mundo não poderia ocorrer em um lugar como este! No entanto, aconteceu. Quem pode dizer que não poderia acontecer novamente, mesmo em outro lugar?

É por isso que é importante que os cristãos apoiem Israel como nação, mesmo que Israel esteja longe de ser perfeito. Ao fazer isso, estamos dizendo ao povo judeu: “Nunca mais!”.

É por isso que é importante expor o antissemitismo sempre que ele se apresenta. Precisamos desarmar a cobra antes que ela possa espalhar seu veneno mortal.

É por isso que é importante aprender a verdade devastadora sobre o Holocausto. Tendo aprendido com a história, fazemos o possível para não repeti-la.

Notas

  1. Para um estudo recentemente considerado clássico, veja Raul Hilberg, A destruição dos judeus europeus (Barueri, SP: Amarilys Editora, 2016).
  2. “Babi Yar massacre begins”, History, 9 fev. 2010. Disponível em: https:// bit.ly/37HyjmA.
  3. Primo Levi, Survival in Auschwitz, trad. Stuart Woolf (Nova York: Collier, 1961), p. 112.
  4. Martin Rosenblum, conforme citado por Martin Gilbert, The Holocaust: A History of the Jews During the Second World War (Nova York: Henry Holt, 1985), p. 444.
  5. Veja Robert Jay Lifton, The Nazi Doctors: Medical Killing and the Psychology of Genocide (Nova York: Basic Books, 1988).
  6. Veja, por exemplo, Jon Henley, “Antisemitism on rise across Europe ‘in worst times since the Nazis’”, The Guardian, 7 ago. 2014. Disponível em: https://bit.ly/39UUg33.
  7. Veja, por exemplo, Michael Bachner, “Jewish shrine in West Bank defaced with swastikas”, The Times of Israel, 25 mar. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3bVAupV.
  8. Adam Kredo, “Iran Backed Terror Group Claims Half a Million Missiles Aimed at Israel”, The Washington Free Beacon, 14 fev. 2018. Disponível em: https://bit.ly/2T3AtaL.
  9. Hayah Goldlist Eichler, “40% of Israeli children in Gaza border town of Sderot suffer from anxiety, PTSD”, The Jerusalem Post, 8 jul. 2015. Disponível em: https://bit.ly/37LT3JK.
  10. Disponível em: https://vimeo.com/263768606.
  11. Efraim Karsh, Palestine Betrayed (New Haven, CT: Yale University Press, 2011).

13 fevereiro 2014

OS JUDEUS roubaram" a terra dos palestinos? "

O legado otomano
Nos dias atuais, o povo judeu está na Terra Prometida graças ao decreto divino e a muito sangue, suor e lágrimas. Apesar da propaganda árabe alegar que os judeus “roubaram” a terra dos palestinos, a verdade dos fatos mostra que os judeus, além de não roubarem a terra, compraram-na legalmente dos proprietários muçulmanos que não davam valor à terra nem a queriam mais. Os turco-otomanos saquearam e pilharam a terra, mas os pioneiros judeus lhe restauraram a vida. A história comprova que aquela terra só floresce e frutifica quando o povo de Deus está de posse dela.
Nos dias atuais, o povo judeu está na Terra Prometida graças ao decreto divino e a muito sangue, suor e lágrimas.

O Império Otomano se estabeleceu no século XIII e sua influência se estendeu sobre a Terra Santa em 1516, quando o Império Turco, sob o comando do sultão Salim al-Yavuz derrotou e expulsou os mamelucos que dominavam aquele território e o Egito desde 1270.[1]
Os otomanos, que apesar de não serem árabes professavam a fé islâmica, dividiram aquele território recentemente anexado ao seu império em quatro sanjaks(termo turco que significa “estandarte” ou “bandeira”).[2] Eram eles: Jerusalém, Gaza, Nablus e Safed. Cadasanjak se constituía numa entidade organizacional, militar, econômica e jurídica.[3] Contudo, aquela terra viveu em estado de miséria sob o governo otomano.
Os primeiros três séculos de domínio otomano isolaram a Palestina da influência externa [...] O sistema tributário otomano foi nocivo e muito contribuiu para que a terra continuasse subdesenvolvida e sua população permanecesse pequena. Quando [o historiador] Alexander W. Kinglake atravessou o rio Jordão nos idos de 1834-1835, utilizou a única ponte que havia sobre o Jordão, uma antiguidade romana que sobreviveu.[4]
No entanto, apesar de toda sorte de privações, um remanescente do povo judeu sempre permaneceu na terra.
Mesmo depois da destruição do Estado judeu pelos romanos, comunidades judaicas continuavam a existir. Vez por outra, todos os governos subseqüentes tentaram eliminar os judeus, porém nenhum deles conseguiu, segundo comprovam vários relatos no decorrer dos séculos. No século XIX, quando iniciaram o atual “retorno” à Eretz Yisrael [N. do T.: do hebraico “Terra de Israel”], os sionistas se juntaram aos judeus que nunca deixaram a terra.[5]
Os judeus foram perseguidos impiedosamente pelos turcos e tiveram que pagar tributos conforme índices que equivaliam à extorsão. Em seu extraordinário livro, intitulado From Time Immemorial [i.e., “Desde Tempos Imemoriais”], Joan Peters citou frases de alguns cristãos que visitaram a importante cidade judaica de Safed no século XVII. Eles declararam: “os judeus pagam pelo próprio ar que respiram”.[6] Contudo, a senhora Peters escreveu: “na virada do século, a população judaica aumentara de 8-10 mil (em 1555) para algo entre 20-30 mil habitantes”.[7]
Mustafá Kemal Ataturk, o herói nacional da Turquia. Ele fundou a atual República Turca a partir das cinzas do Império
Otomano.

Entretanto, a situação deles era trágica pelo fato de que todos os não-muçulmanos eram oficialmente tolerados (num status de segunda classe denominado dhimmi), mas não eram considerados iguais perante a lei. Desse modo, o povo judeu não tinha direitos nem proteção sob a lei islâmica. E mais, eles estavam sujeitos a pagar tributos exorbitantes, a serem humilhados e, até mesmo, mortos – como a maioria deles foi – pelos cruéis muçulmanos.
Em 1660, por exemplo, os judeus de Safed foram massacrados e a cidade foi destruída, apesar das aviltantes taxas e tributos que o povo judeu pagava. A senhora Peters escreveu que em 1674, “os judeus de Jerusalém foram igualmente empobrecidos pela opressão do regime turco-muçulmano”. Ela citou as seguintes palavras do padre jesuíta Michael Naud: “Eles [i.e., os judeus] preferem ser prisioneiros em Jerusalém a desfrutarem da liberdade que poderiam ter em outro lugar [...] O amor dos judeus pela Terra Santa [...] é inacreditável”.[8]
Um judeu que visitou a terra de Israel em 1847 escreveu o seguinte:
Eles [i.e., o povo judeu] não têm nenhuma proteção e estão à mercê de policiais e paxás (título dos governadores de províncias do Império Otomano) que os tratam do jeito que bem entendem [...] as suas propriedades [i.e., dos judeus] não estão à disposição deles e eles não ousam reclamar de algum dano sofrido por temerem a vingança dos árabes. A vida deles é precária e todos os dias correm o risco de morrer.[9]

Uma “Vastidão Deplorável”

Quando Mark Twain, o famoso escritor e humorista americano, visitou aquela terra em 1869, a descrição que fez da terra, então governada pelos muçulmanos turco-otomanos, estava muito distante de uma “terra que mana leite e mel”:
Nós atravessamos algumas milhas de um território abandonado cujo solo é bastante rico, mas que estava completamente entregue às ervas daninhas – uma vastidão deplorável e silenciosa [...] lagartos cinzentos, que se tornaram os herdeiros das ruínas, dos sepulcros e da desolação, entravam e saíam por entre as rochas ou paravam quietos para tomar sol. Onde a prosperidade reinou e sucumbiu; onde a glória resplandeceu e desvaneceu; onde a beleza habitou e foi embora; onde havia alegria e agora há tristeza; onde o esplendor da vida estava presente, onde silêncio e morte jaziam nos lugares altos, lá esse réptil faz a sua morada e zomba da vaidade humana.[10]
Em outro capítulo, Twain escreveu o seguinte:
Não há um único vilarejo em toda a sua extensão – nada num raio de trinta milhas em qualquer direção. Existem dois ou três agrupamentos de tendas de beduínos, mas não há sequer uma habitação permanente. Uma pessoa pode cavalgar dez milhas pelas redondezas sem conseguir ver dez seres humanos.
Uma das profecias se aplica a essa região: “Assolarei a terra, e se espantarão disso os vossos inimigos que nela morarem. Espalhar-vos-ei por entre as nações e desembainharei a espada atrás de vós; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas” (Lv 26.32-33).
Nenhum ser humano que esteja aqui nas proximidades da deserta Ain Mellahah pode dizer que a profecia não se cumpriu.[11]
A falecida primeira-ministra de Israel,
Golda Meir.
“Já estou muito cansada de ouvir alegações de que os judeus ‘roubaram’ a terra dos árabes na Palestina. A verdade dos fatos é bem diferente. Muito dinheiro de boa procedência foi dado em pagamento pela terra e a realidade é que muitos árabes ficaram riquíssimos. Naturalmente houve outras organizações [além do Jewish National Fund (JNF) – “Fundo Nacional Judaico”] e inúmeros indivíduos que também compraram extensões de terra. Entretanto, no ano de 1947, só o JNF – com o dinheiro arrecadado em milhões das famosas ‘caixas azuis’ que se enchiam – já havia comprado mais da metade de todas as propriedades rurais judaicas naquele país. Portanto, acabem ao menos com essa calúnia”.
– Golda Meir, no livro My Life.
De fato, a desobediência do povo de Israel na Antiguidade trouxe desolação. Porém, a terra nem sempre foi assim. A Bíblia descreve a terra dada a Abraão, Isaque e Jacó como“uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel” (Êx 3.8). Deus prometera a Seu povo que eles seriam abençoados na seguinte condição: “Se atentamente ouvires a voz do SENHOR, teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que hoje te ordeno...” (Dt 28.1). Além disso, Deus advertiu que a desobediência deles lhes causaria o afastamento da Terra Prometida e que a própria terra ficaria desolada.
Entretanto, Deus também prometeu uma restauração:“Dias virão em que Jacó lançará raízes, florescerá e brotará Israel, e encherão de fruto o mundo” (Is 27.6).A Palavra de Deus é categórica: a terra de Israel só gerará o fruto recompensador quando o povo que biblicamente lhe faz jus ao título e a quem pertence, estiver de posse dela. Do contrário, ficará sem cultivo, vazia e desolada.
Na realidade, o povo judeu alimenta dentro de si um anseio natural e intenso pela terra de Israel e por Jerusalém, sua amada cidade. O salmista compreendeu esse desejo singular, quase inexplicável, quando escreveu: “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita” (Salmo 137.5).
Por outro lado, os conquistadores muçulmanos não tinham nenhum interesse nem amor pela terra que dominavam. A senhora Peters escreveu que embora aquele território tenha se tornado propriedade islâmica, os árabes que lá viviam “não tinham vontade nem experiência no trabalho agrícola; eles não tinham nenhum interesse ‘no trabalho duro’ nem no cultivo do solo”’.[12]
Hal Lindsey, em seu livro intitulado Everlasting Hatred [i.e., “Ódio Perpétuo”], fez a seguinte descrição da Terra Prometida sob o domínio dos turcos-otomanos:
A Terra Santa sofreu mais assolações nos quatrocentos anos de domínio turco-otomano do que nos mil e quinhentos anos anteriores. Por volta do século XIX, o antigo canal e os sistemas de irrigação foram destruídos. A terra estava estéril e cheia de brejos infestados de transmissores de malária. Os morros estavam completamente devastados, sem árvores e sem mata, de modo que toda a camada superior e arável do solo, bem como os terraços, já tinham sofrido erosão, restando somente a camada pedregosa.[13]
As coisas estavam tão ruins que a maioria dos muçulmanos ficou feliz por vender sua terra a qualquer pessoa que pudesse pagar os pesados impostos. Em 1901 foi instituído o Jewish National Fund [i.e., Fundo Nacional Judaico]. Esse fundo começou com a coleta de dinheiro no mundo todo, a fim de comprar a terra que estava nas mãos dos usurpadores muçulmanos e torná-la acessível à população judaica nativa e a muitos imigrantes judeus que quisessem fazer da Palestina – a antiga Terra Prometida – novamente o seu lar.
Golda Meir, que junto com seu marido foi uma das pioneiras a chegar àquela terra em 1921 e que, posteriormente, se tornou primeira-ministra de Israel, escreveu:
As únicas pessoas que talvez pudessem se encarregar do serviço de drenagem da região pantanosa do Emek [i.e., o vale de Jezreel] eram os pioneiros altamente motivados do movimento Sionistas Trabalhistas, que estavam preparados para recuperar a terra a despeito da dificuldade das circunstâncias e apesar do risco para a vida humana. Além do mais, eles estavam prontos a realizar aquela obra por si mesmos, em vez de empreendê-la através da contratação de trabalhadores árabes supervisionados por administradores agrícolas judeus.[14]
À medida que o povo judeu continuou na prática do aliyah (i.e, um termo hebraico que significa “subir”; imigração) a Israel, ficou evidente o seu amor pela terra. Eles adquiriram áreas estéreis assoladas e instalaram sistemas de irrigação; roçaram o terreno, retiraram as pedras e fizeram o plantio do solo. Além disso, drenaram vales pantanosos, brejos infestados de mosquitos, e os transformaram em terra fértil cultivada.
O povo judeu alimenta dentro de si um anseio natural e intenso pela terra de Israel e por Jerusalém, sua amada cidade. O salmista compreendeu esse desejo singular, quase inexplicável, quando
escreveu: “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita” (Salmo 137.5).

Há 40 anos atrás, quando os israelenses começaram a se mudar para a região de Gush Katif na Faixa de Gaza, os árabes lhes disseram que a terra era amaldiçoada e que nada podia ser colhido daquele solo. Contudo, recentemente, quando os israelenses foram obrigados a deixar aquele território em virtude da política governamental de retirada da Faixa de Gaza, eles já tinham transformado Gush Katif no celeiro de cereais de Israel. Na realidade, esses judeus conseguiram fazer ali o que sempre fizeram: levar o deserto a florescer.
Os turco-otomanos muçulmanos deixaram um legado de desolação. Porém, Deus prometera que a terra ficaria desolada até que Seu povo – os filhos de Abraão, Isaque e Jacó – retornassem a ela:
“Portanto, profetiza e dize: Assim diz o SENHORDeus: Visto que vos assolaram e procuraram abocar-vos de todos os lados, para que fôsseis possessão do resto das nações e andais em lábios paroleiros e na infâmia do povo [...] Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Certamente, no fogo do meu zelo, falei contra o resto das nações e contra todo o Edom. Eles se apropriaram da minha terra, com alegria de todo o coração e com menosprezo de alma, para despovoá-la e saqueá-la. Portanto, profetiza sobre a terra de Israel e dize aos montes e aos outeiros, às correntes e aos vales: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que falei no meu zelo e no meu furor, porque levastes sobre vós o opróbrio das nações. Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Levantando eu a mão, jurei que as nações que estão ao redor de vós levem o seu opróbrio sobre si mesmas. Mas vós, ó montes de Israel, vós produzireis os vossos ramos e dareis o vosso fruto para o meu povo de Israel, o qual está prestes a vir” (Ez 36.3,5-8).
“Mas vós, ó montes de Israel, vós
produzireis os vossos ramos e dareis o vosso fruto para o meu povo de Israel, o qual está prestes a vir” (Ez 36.8).

Apesar da opinião do mundo acerca de Israel ser predominantemente anti-semita, a Escritura Sagrada é muito clara: o Deus soberano do universo criou os céus e a terra (Gn 1.1). Ele também criou o povo judeu, como uma nação constituída que nunca existira anteriormente. Além disso, Ele prometeu aos judeus um bem imóvel [i.e., um território] que se localiza literalmente no centro do mundo. Israel é uma Terra Prometida a um Povo Escolhido. O relacionamento entre a terra e o povo é simbiótico, ou seja, eles podem existir como entidades distintas, mas somente juntos são capazes de cumprir plenamente tudo o que o Senhor Deus prometeu. (Thomas C. Simcox - Israel My Glory -http://www.beth-shalom.com.br)
Thomas C. Simcox é o diretor de The Friends of Israel no Nordeste dos Estados Unidos.
Notas:
  1. Hal Lindsey, The Everlasting Hatred: The Roots of Jihad, Murrieta, CA: Oracle House, 2002, p. 163.
  2. “Sanjak”, publicado no site