O TREM


  • O trem viajava a uma velocidade de cruzeiro de cerca de oitenta quilômetros por hora, uma máquina rude e barulhenta. Tinha vagões de primeira classe, segunda classe e o que chamavam de "classe normal", os vagões dos pobres. Aquele barulho ritmado que faziam quando passavam pelas emendas dos trilhos parecia falar "café com pão, café com pão", uma sinfonia agradável que embalava o sono dos passageiros.

    Na poltrona 78, na parte da "classe dos pobres", viajava uma jovem de vinte e poucos anos. Ao seu lado, uma senhora de meia-idade dormia profundamente. O dia começava a clarear e o trem seguia sua rota sem atraso. A jovem, porém, não dormira a noite toda, atormentada por pensamentos. Tudo o que sonhara na cidade grande havia se perdido. Carregava em seu ventre uma nova vida e, naquela noite de viagem, chorou muitas vezes. Ainda não tinha a resposta da mãe para a carta que enviou, pedindo perdão por tudo o que dissera antes de sair de casa.

    Ela temia que a mãe não a aceitasse de volta. Seu pai havia falecido há alguns anos, sua irmã estava casada com um bom homem e seu irmão no exército. Ela, por sua vez, foi tentar a sorte na cidade grande, mas tudo deu errado. Foi humilhada, ferida, violentada. Um pensamento a consumia: "Por que não ouvi minha mãe? Se eu tivesse ficado, estaria casada com Francisco, um bom rapaz. E agora, grávida, como será minha vida?".

    O sol já começava a esquentar e alguns raios entravam pelas janelas empoeiradas do trem. Seu coração acelerava cada vez mais ao pensar na mãe. Na carta, ela contou sua triste história e que estava grávida, arrependida de ter ofendido a mãe e saído de casa daquele jeito. Ela pediu para ser aceita de volta e, caso a mãe concordasse, o sinal seria um lenço branco pendurado na árvore em frente à casa. O trem passaria bem perto e os galhos longos da árvore tornariam impossível não ver o lenço.

    Ao se aproximar da curva de onde podia avistar a casa da mãe, o trem apitou. Logo em seguida, seria a estação onde ela desceria. Ou não. Seu destino estava nas mãos da mãe e de Deus. Ela orava em pensamento. Então, virou-se para a senhora ao lado e pediu:

    — Por favor, senhora, nesta próxima curva há uma leve colina e uma casa de madeira de cor verde, com uma árvore bem grande na frente. Por favor, olhe para mim e me diga se a senhora vê um lenço branco pendurado nesta árvore.

    — Sim, querida, eu vou olhar — respondeu a senhora.

    O trem seguiu, aproximando-se da curva. A jovem se curvou, com as mãos sobre os olhos, sentindo que o trem já estava na curva. Muitas coisas passaram por sua cabeça naquele momento. "Será que mamãe vai me aceitar?". Quando a casa e a árvore ficaram visíveis, ela perguntou:

    — O lenço está lá?

    A senhora, com a voz cheia de surpresa, respondeu:

    — Não tem lenço nenhum na árvore! Tem somente um grande lençol, cobrindo quase toda a árvore.

    Ela levantou a cabeça, suspirou aliviada e viu o grande "sim" de sua mãe. Aquele lençol era o sinal mais esplêndido que ela poderia esperar. Um "sim" bem grande que era um alívio imenso, uma nova chance em sua vida.

    Assim é Deus em sua vida: Ele nunca vai deixar de te receber de volta. Não importa o que você fez, o arrependimento sincero muda tudo. Deus está pronto para perdoar e te amar como sempre. O filho pródigo, quando voltou, foi amado por seu pai e recebeu uma festa. Ele estava perdido e foi achado, estava morto e ressuscitou. É assim que Deus vê sua vida. Por isso, não perca tempo e volte para casa. Ele está te esperando.






  • É assim que Deus vê a sua história.
    Por isso, não perca tempo.
    Volte para casa.
    Ele está te aguardando — de braços abertos.



  • Pr. JOÃO PAIM 




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