UMA HISTÓRIA DE CARNAVAL

Havia muitas pessoas na avenida. Carlos era apenas mais um na multidão. Vestindo sua fantasia, com o chapéu repleto de plumas, ele estava em êxtase, aguardando o momento pelo qual esperara o ano inteiro: os noventa minutos de apresentação da sua escola na avenida. Cansado, ele se deixou cair no chão. O suor escorria pelo seu rosto. Deitou na grama e ficou olhando para o céu, como se estivesse agradecendo a um ser superior pelos momentos que vivera. Carlos vinha de uma família de carnavalescos; todos seus parentes eram ligados ao samba, ao batuque e, consequentemente, ao carnaval. Pensando no restante da madrugada, tomou um gole de cerveja enquanto contemplava as estrelas. Nesse instante, uma voz audível sussurrou em seu ouvido: — Hoje foi o último dia que você desfilou na avenida. Carlos se assustou, levantou-se rapidamente, mas não havia ninguém por perto que pudesse ter falado aquelas palavras. Confuso, ele se deitou novamente e murmurou para si mesmo: — Isso é coisa...